Para nós, adultos, é comum agendarmos compromissos e organizarmos a nossa rotina semanalmente, o que nos ajuda na realização dos nossos fazeres, seja pela organização mental, pela gestão de nossas funções ou até mesmo pelo conforto emocional que isso nos proporciona.
Com as crianças, não é muito diferente! Para elas, o estabelecimento de rotina colabora para o desenvolvimento da autonomia à medida que anteveem e se preparam para o que está por vir, criando habilidades necessárias para aprender a lidar com as solicitações sociais dos ambientes em que estão inseridas.
Saber o que vai acontecer e vivenciar a mesma dinâmica em alguns momentos gera estabilidade, o que proporciona segurança e tranquilidade.
A rotina é um elemento estruturante e corrobora a organização mental, além de ser um marcador temporal valioso. Por entender sua importância, a escola garante diariamente uma rotina rica em vivências. A retomada de o que acontecerá no dia sempre ocorre no início da jornada, em nossas rodas de conversa e acolhida, com a intenção de promover o conforto emocional fundamental para o bem-estar infantil e incluir a criança na organização das atividades, pois isso valoriza sua participação ativa na dinâmica escolar.
Partilhar e conhecer a rotina traz confiança e diminui a ansiedade, sobretudo para os pequenos, que, muitas vezes, ao se apropriarem dos contextos, dos espaços e dos tempos em que as propostas acontecem, passam a aceitar com mais naturalidade o inusitado, além de compreenderem que o período em que estão longe das suas famílias tem começo, meio e fim e pode ser prazeroso. Isso facilita até os momentos de despedida dos pais ou familiares na entrada da escola. Afinal, crescer, ter seu espaço, criar vínculos com outros adultos e ter seu grupo de amigos é parte de um processo saudável de desenvolvimento.
Quando as crianças compreendem como ocorre a organização do seu dia, entendem a importância da gestão do tempo de suas realizações e têm maior possibilidade de desenvolverem um senso de organização e responsabilidade, tudo dentro das demandas de cada faixa etária.
É importante lembrar que a rotina deve ser flexível. Sabemos que isso implica o estabelecimento de algumas regras, porém é fundamental que, ao planejar o cotidiano com e para as crianças, os adultos responsáveis contemplem propostas diversificadas, que acolham as singularidades de cada um, além de terem bom senso para avaliar as demandas que podem surgir.
Em casa, as crianças também devem ter uma rotina, pois viver em um ambiente organizado, com tarefas e vivências definidas, além dos benefícios já citados acima, contribuirá para um ambiente familiar harmonioso.
Criar a rotina junto com as crianças é uma forma de dar-lhes voz e faz delas corresponsáveis pelo cumprimento daquilo que for combinado, desde o estabelecimento de horários, a organização de espaços, os tempos de higiene e alimentação, até as escolhas das brincadeiras, dos livros a serem lidos ou mesmo a realização de pequenas tarefas que elas já consigam fazer sozinhas, como definir e separar o lanche ou organizar suas mochilas para o dia seguinte.
Tudo deve acontecer de forma orgânica e natural. A rotina vai ganhar complexidade ao longo do desenvolvimento das crianças, de acordo com a evolução social e cognitiva. Ao ocorrer dentro de ambientes afetuosos, a rotina fortalece relações, gera senso de colaboração e nutre a autoestima.