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Educação inclusiva – Uma escola para todos

A educação inclusiva passou a tomar força a partir da Conferência Mundial sobre Educação para Todos, em 1990. Em seguida, a Declaração de Salamanca (1994) trouxe maior visibilidade para o movimento de educação das pessoas com deficiência. Em 2015, consolidou-se a Lei nº 13.146, com um conjunto de dispositivos destinados a assegurar e promover, em igualdade de condições com as demais pessoas, o exercício dos direitos e liberdades fundamentais por pessoas com deficiência. Nessa trajetória normativa, os governos são incitados a adotar políticas inclusivas que garantam uma educação de qualidade para todos.
Para além das leis, entendemos que as escolas, sem exceção, precisam estar preparadas para acolher as diferenças de qualquer ordem, em uma perspectiva de equidade, para que todos possam se desenvolver em plenitude, de acordo com a individualidade e a potencialidade de cada um.
Vale destacar que a meta primordial da inclusão é a de não deixar ninguém fora da escola. Ela provoca uma mudança na perspectiva educacional, pois não se limita a ajudar apenas aqueles que apresentam dificuldades escolares, mas ampara todos os envolvidos no processo: professores, alunos, pessoal administrativo, funcionários. Com inspiração em Mantoan (1997), apreciamos a metáfora do caleidoscópio, tubo óptico no qual se vê uma imagem formada por um conjunto de pequenas pedras coloridas e agrupadas lado a lado e que, ao ser mexido, forma novas e diferentes figuras. Aplicada à educação, essa metáfora permite entender que as crianças se desenvolvem, aprendem e evoluem melhor em um ambiente rico de experiências variadas, sendo parte da sociedade onde vivem.
Quando pensamos em inclusão no âmbito da Educação Infantil, destacamos que muitas vezes é a escola o primeiro palco das descobertas relacionadas a determinadas questões inclusivas, pois algumas características só passam a ser percebidas no contexto social. O autismo é um dos distúrbios comumente percebidos, a princípio, por meio do olhar atento dos professores. Para algumas famílias, características como brincar sozinha, apresentar rigidez frente a algumas situações e ter pouca ou nenhuma comunicação verbal podem ser vistas como imaturidade, timidez ou até mesmo “birra”. Com o ingresso da criança na escola, no contato com outros colegas, os profissionais percebem que há algo a ser investigado e, a partir do diálogo com a família, inicia-se uma trajetória investigativa junto a especialistas, como neuropediatras, fonoaudiólogos e psicólogos.
Em outras situações, bastante raras, as crianças da faixa etária da Educação Infantil já chegam na escola com determinado laudo. Esses casos são menos comuns porque muitos diagnósticos só se fecham quando elas são mais velhas. No entanto, o que importa não é o diagnóstico em si, pois sua compreensão é o que faz toda a diferença para o estabelecimento de ações preventivas e efetivas que favoreçam o desenvolvimento da criança.
Acreditamos que o contato próximo da escola com os especialistas que atendem às crianças que apresentam algum distúrbio de desenvolvimento seja fundamental para ambas as partes. Se por um lado o especialista colhe informações da criança acerca de suas potencialidades ou dificuldades no contexto de grupo e, assim, aprimora o trabalho terapêutico, por outro lado a escola se beneficia da partilha de estratégias usadas em terapia que, adaptadas ao universo escolar, podem auxiliar no processo de desenvolvimento da criança.
Quanto à prática pedagógica inclusiva, diferentes estudos mostram que ela deverá ser constituída pela junção do conhecimento adquirido pelo professor ao longo de sua trajetória e sua disponibilidade para buscar novas formas de atuação docente, considerando a diversidade dos alunos e de suas características individuais. Essa flexibilização curricular deve englobar toda a prática pedagógica do professor, seja ele especialista ou não nos parâmetros da educação inclusiva.
De acordo com a Constituição, a inserção de alunos com déficits de toda ordem, permanentes ou temporários, mais graves ou menos severos, no ensino regular, nada mais é do que garantir o direito de todos à educação. O princípio democrático da educação para todos só se evidencia nos sistemas educacionais que se especializam em todos os alunos – não apenas nos alunos com deficiência –, o que provoca e exige da escola novos posicionamentos que levem a equipe gestora, os professores e os funcionários, com incentivo e apoio da comunidade, a aperfeiçoarem suas práticas. Não é uma tarefa simples, mas é um compromisso inadiável das escolas. Quanto às ações, a escola aberta para todos é uma grande meta que exige trabalho em muitas frentes para que se possa garantir um ensino de boa qualidade e consequentemente, inclusivo.
Finalmente, sob o ângulo das perspectivas inclusivas, a consequência de melhorar as condições da escola é formar gerações mais preparadas para desfrutar a vida em sua plenitude, livremente, sem preconceitos ou barreiras.
A construção da escola inclusiva desde a Educação Infantil implica pensar em seus espaços, tempos, profissionais, recursos pedagógicos etc. de modo a se ter sempre presente a possibilidade de acesso, permanência e desenvolvimento pleno também de alunos com deficiências, por meio da instituição de práticas pedagógicas pautadas na diversidade e nas características individuais.
Dessa forma, escuta atenta, protagonismo infantil, flexibilidade curricular, formação continuada, intervenções precoces, trabalho em equipe, sentimento de pertencimento e crença nas potencialidades conquistadas na e pela diversidade são premissas supremas da educação inclusiva, nas quais a Escola AB Sabin fundamenta seu fazer pedagógico cotidianamente.

Por Susy Vieira de Souza
Coordenadora pedagógica

Referências:
Brasil, Política de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/politicaeducespecial.pdf. Ministério da Educação/ Secretaria de Educação Especial. 2007. Acesso em 4 out. 2022.
MANTOAN, M. T. E. Integração x Inclusão: Escola (de qualidade) para Todos. Laboratório de Estudos e Pesquisas em Ensino e Diversidade – Leped/Unicamp, Agosto de 1993. Disponível em: http://www.lite.fae.unicamp.br/cursos/nt/ta1.9.htm. Acesso em 13 out. 2022.

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