Você já ouviu falar sobre o brincar heurístico? Será que se trata de uma novidade no que se refere ao desenvolvimento de bebês e crianças pequenas?
A heurística diz respeito ao ato de inventar, fazer descobertas, investigar algo. O brincar heurístico está justamente relacionado com esses atos. Trata-se de uma abordagem pedagógica desenvolvida pelas educadoras britânicas Elinor Goldschmied e Sonia Jackson, que tem como cerne a exploração, a investigação, a liberdade e o estímulo ao imaginário infantil.
É por meio da brincadeira livre com objetos não estruturados, como pás, pegadores, folhas, pincéis, esponjas, pinhas, elementos da natureza e outros do uso do cotidiano, que a descoberta das coisas é feita pela criança. Ao contrário dos brinquedos fabricados que são prontos e já definem o brincar, esses objetos proporcionam uma infinidade de possibilidades de criação, de análise e de construção, contribuindo para múltiplas conexões e desenvolvimento da criança em sua totalidade.
Não há uma única maneira de essa brincadeira acontecer nem tempo estipulado, a premissa é o encantamento das crianças. Para isso, o educador tem um papel fundamental na definição da intencionalidade ao planejar a organização do espaço e na seleção de materialidades qualificadas, que contemplem texturas diversas e que sejam um convite à exploração, ao imaginário, à pesquisa de largo alcance e de tudo que possa ser construído e transformado.
Além disso, cabe a ele observar as explorações realizadas, a interação entre os pares, interpretar os fazeres, realizar possíveis intervenções, documentar os processos dos pequenos e, ao final da proposta, refletir sobre as possibilidades para dar continuidade às investigações realizadas.
É como o tradicional “brincar dos quintais”, onde um graveto vira uma ponte, a espiga vira uma boneca e pedrinhas viram riscadores para desenhar nas ruas. Porém planejado, criado e vivido na intencionalidade educativa, o brincar em que as crianças criam e deixam marcas no espaço que povoam.
Parece simples, mas essa é a grande revolução! A volta do brincar em sua grandeza, como cultura das infâncias, é fundamental para o desenvolvimento integral das crianças.