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Experiências bilíngues na infância e a aquisição da segunda língua no ambiente escolar

Vivemos em um mundo conectado, em que as fronteiras físicas são superadas pelo rápido desenvolvimento dos recursos digitais. As oportunidades de estudo e experiências de trabalho em outros países são cada vez mais diversas e a aquisição do segundo idioma, destaque para a língua inglesa, deixa de ser um elemento distante para ser uma ferramenta elementar. Considerando as transformações que vivemos na sociedade, as escolas, que se comprometem com uma formação para a cidadania global, estão investindo na aprendizagem do segundo idioma, geralmente o inglês, desde a tenra idade.

 

Alunos do AB Sabin aprendendo inglês

Mas o que é Cidadania Global?

De acordo com o documento elaborado pela UNESCO, trata-se de um sentimento de pertencer a uma comunidade mais ampla, além de fronteiras nacionais, que enfatiza nossa humanidade comum e faz uso da interconectividade entre o local e o global, o nacional e o internacional.

E o que a educação bilíngue tem a ver com isso?

É importante explicar um pouco mais o que é a Educação Bilíngue.

A  educação  bilíngue é concebida   como   o desenvolvimento multidimensional das duas ou mais línguas envolvidas, a promoção de saberes entre elas e a valorização do translinguar (práticas de linguagem) como forma de construção da compreensão de mundo de sujeitos bilíngues.  Isso porque, a educação bilíngue não diz respeito a um mero exercício de se adicionar uma segunda língua ao repertório de um aluno, trata-se, antes, de uma questão de desenvolvimento de práticas linguísticas complexas que abrangem múltiplos contextos sociais. (Megale, 2018)

Destaca-se que, a educação escolar bilíngue está além da aprendizagem da língua inglesa (por exemplo), mas também aprender outros conteúdos através da língua estrangeira. A educação bilíngue contemporânea se dá por meio de uma aprendizagem fluída, em que as experiências linguísticas se complementem. O bilinguismo passa a ser um importante recurso para a formação das crianças e jovens, numa sociedade dinâmica e que requer ainda mais instrumentos para o exercício da mencionada cidadania global.

Como pensar experiências bilíngues para as crianças pequenas?

As experiências bilíngues, especialmente para os pequenos, devem ser aquelas criadas por meio de contextos culturais, de vivências e descobertas, das duas línguas em estudo, língua portuguesa e língua inglesa (por exemplo), permitindo que as crianças aprendam, de forma lúdica e interativa, as duas línguas e saiba utilizá-las, gradativamente, com competência e adequação, em diferentes contextos.

Como uma escola que valorize o bilinguismo pode compreender o papel do professor?

Para promover uma educação bilíngue de qualidade é preciso que o professor tenha conhecimentos sobre o bilinguismo e sobre o processo de se tornar bilíngue; conhecimento sobre os processos envolvidos nos multiletramentos; conhecimento linguístico e semântico de sua língua de trabalho; conhecimento acerca das teorias de aquisição de primeira e segunda língua. (Megale, 2018)

É de suma importância que a escola tenha atenção para a formação inicial docente e também para a formação contínua, trazendo reflexões e suporte para aprimorar o seu programa bilíngue.

Programa bilíngue para os pequenos? Será que não vai atrapalhar a aprendizagem da língua materna?

O desenvolvimento da linguagem é um processo complexo e multifacetado, que se inicia intrauterino e se aprimora ao longo de toda a vida do sujeito. Com as contribuições recentes da neurociência é possível compreender que a aquisição de uma segunda língua é mais favorável quando se inicia ainda na infância, sem que haja prejuízo para o desenvolvimento da língua materna. A aprendizagem se dá de forma sistêmica. A criança está o tempo todo formulando hipóteses, refletindo e se indagando sobre o mundo que acerca. Quando pequena, a criança está em pleno desenvolvimento de diversas habilidades e competências. O seu cérebro, potencialmente plástico, realiza bilhões de conexões que vão formando a base para todas as aprendizagens. Esta ebulição de percepções, saberes e descobertas, faz com que a infância, seja um excelente momento para a aquisição de diversas noções e a introdução de um segundo idioma se torna mais favorável. A qualidade e quantidade de estímulos recebidos no segundo idioma será um fator determinante para o bom desenvolvimento do bilinguismo.

Há inúmeros benefícios da exposição precoce a dois idiomas. Segundo Gabriotti (2020), a necessidade de gerenciar a atenção entre duas línguas faz com que a criança reflita mais sobre a linguagem, o que leva ao aumento de suas habilidades metacognitivas e metalinguísticas. Pesquisas mais recentes têm indicado que a aquisição de linguagem seja mais fácil nos primeiros anos de vida, pois esse é um período sensível em que o cérebro está mais aberto para aprender os códigos linguísticos, o que se explica por fatores biológicos e evolucionários.

Salientamos que, apesar de ser mais fácil aprender um segundo idioma nos primeiros anos de vida, a capacidade de aprender é inerente ao cérebro em todas as idades.

Pensando a educação bilíngue na escola, concluímos que é importante que as crianças tenham experiências bilíngues, mesmo na educação infantil, para que possam se desenvolver de forma plena e conectada com as demandas de seu tempo.

Fonte:

1.    https://revistas.pucsp.br/index.php/esp/article/view/38653/27431

2.    https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000371292?posInSet=4&queryId=N-EXPLORE-6fbd78c2-164a-4eb7-ae6e-32400a0a706b

3.    https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/cerebro-bilingue

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