Por Monica Bernardino Mazzo
A Neurociência, no campo da educação, tem contribuído com evidências científicas que auxiliam o professor a desenvolver novas estratégias em sala de aula. Uma delas é o tema de nossa conversa.
Reflitam sobre estas questões:
– Como você, pai, mãe, aluno, filho ou filha, se organiza durante o dia? Consegue relatar essa dinâmica?
– Como vocês fazem quando o que planejaram sai do controle por algum motivo externo?
– Conseguem ser pontuais em todos os compromissos?
Essas perguntas estão presentes no nosso dia a dia e requerem habilidades que conhecemos como funções executivas. Poucas vezes ouvimos falar sobre elas, apesar de sua importância.
São elas que regem a nossa vida. São habilidades que controlam nosso pensamento, nossas ações e o nosso comportamento. São importantes para a saúde mental e física, qualidade de vida, prontidão escolar, sucesso escolar e profissional e harmonia conjugal.
Imaginem uma grande orquestra: as funções executivas são o maestro que rege a sinfonia da vida. Também podemos compará-las, como diz o Centro de Desenvolvimento Infantil de Harvard, a um sistema de tráfego aéreo que gerencia a chegada e a partida de vários aviões em várias pistas. As funções executivas nos ajudam a gerenciar os múltiplos fluxos de informação ao mesmo tempo, monitorar erros, tomar decisões e resistir à tentação de deixar a frustração nos conduzir a decisões precipitadas.
Segundo Diamond, pesquisadora norte-americana, as funções executivas principais são:
* Controle inibitório (autocontrole, inibição cognitiva);
* Memória de trabalho (manutenção das informações em mente e o trabalho mental com elas);
* Flexibilidade cognitiva (flexibilidade mental, criatividade, ajuste de maneira flexível a novas demandas).
Temos também as funções executivas complexas:
Perceberam como elas estão em nossa vida?
Os pais que promovem esse desenvolvimento durante a primeira infância garantem sucesso na vida escolar, acadêmica e profissional de seus filhos, pois as funções executivas são a base para o processo de aprendizagem. Programas internacionais e nacionais de intervenção nessas funções trazem evidências científicas de melhoria na redução da defasagem escolar, em linguagem, matemática e nas interações sociais.
A primeira infância é o momento-chave para que essas funções sejam desenvolvidas, pois é nesse período que a arquitetura do cérebro está sendo construída. É nesse momento que acontece o maior número de conexões neuronais, e as crianças dependem dessas habilidades para aprenderem a ler, escrever e resolver problemas de matemática. Quando bem desenvolvidas na Educação Infantil, serão o suporte para o Fundamental I.
E os adultos nessa interação?
Os adultos têm um papel importante nesse desenvolvimento porque definem uma estrutura que ajuda as crianças a utilizarem as habilidades executivas no melhor de suas possibilidades e garantem um ambiente saudável para o processo de aprendizagem. Quando as crianças não têm oportunidade de fortalecer essas habilidades, elas têm dificuldade para estudar, manter amizades e lidar com tarefas do dia a dia.
Como auxiliar de forma prática?
– Atividades domésticas: arrumar a mesa para as refeições, retirar seu prato após as refeições, varrer o chão, organizar os brinquedos;
– Narrativa de histórias;
– Brincadeiras de “estátua”;
– Montagem de blocos;
– Pega-pega;
– Jogos de carta;
– Jogos de percurso;
– Jogos de imitação;
– Jogos de memória;
– Quebra-cabeças;
– Atividades em pares e grupos;
– Atividades musicais.
As funções executivas, quando bem estimuladas e aprimoradas, como diz a pesquisadora Tieppo, são o ticket que nos dá a potência para o voo livre e nos fornece a capacidade de atingirmos o nosso máximo potencial para nos tornarmos indivíduos plenos, autoconscientes e capazes de comandar a própria vida.